MEU CORAÇÃO SUBURBANO

Meu coração suburbano,

de lá de Fazenda Grande do Retiro,

terra de gente boa, e também de boa gente,

de conflito e de paz,

bate nesse tum tum ritimado, á galope, viu esse menino!?

Doido, desajuizado, pra não falar endiabrado,

mas angelicalmente enriquietizado,

andou pelo mundo á fora,

por tantas terras perabulou,

mesmo como clérigo e professor...

... até que em Itaberaba repousou,

Ah, meu coração, si tu falasse, sei não viu...

mió ficar calado,

agora só resta bater nesse tum tum tum acelerado,

vai na paz, na luz, na senda iluminada da razão,

sem abrir mão de experienciar uma boa emoção...

não corre mais como antes, agora caminha,

tem tantas coisas bonitas pra ver, o açude visto de lá...

Oxe, de lá de cima do Monte,

tem serras, as trilhas, Lençóis tá logo alí,

pertim, pertim, pertim...

Tem gente que não sabe o que é...

essa tal coisa de metamorfose ambulante,

mas, calma respeito até os ignorantes,

mais vou explicar o que é:

É quando um coração viciado no ritmo desenfreado,

com o barulho, e a agitação,

de lá da cidade grande, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza,

de repente, têm seu peito furtado,

e seu coração retirado...

em seu lugar um outro lhe é ofertado,

o passado agoniado do corre - corre da capitá, fica pra trás,

e em seu coração uma outra batida se refaz... no sossego...

eita, eita eita, e também na paz, só na calma...

O quê que uma mudança não faz?

Agora aqui estou,

um outro eu, em mudança constante,

só que agora, vivenciando profundamente seus instantes...

aqui nessa cidade que aprendi a amar...

Itaberaba... ah se eu soubesse que seria assim,

não demorava... para cá chegar,

e aqui fincar meu viver ao lado de quem mim fez te amar,

como hoje a amo.

Henrique Sacramento