Um poeta baiano
A quem ama a Bahia.
Nasce mais um poeta na Bahia
Ao alcance do tabuleiro e da favela
Mas quem é do samba pode sambar;
Do xingado é capoeira
E quem é do santo pode girar.
Não ignoro essas poesias complexas
Mesmo que a minha seja popular
Conheço vocábulos e até demais
Mas isso não me sufoca.
Duvido se existe poeta que pensa poesia
Muito menos tentar pensar
Acontece que se torna burocracia
O leitor cochila quando a (almeja);
Vingar? Para quê?
A poesia nasce sem precisar da fecundação
Implorar?
É sentir solidão.
Por isso que na laje da cabocla
Convido o mulato para recitar
Pois quem é do samba pode sambar
Quem é do santo entra na roda.
Nasce mais um poeta na Bahia
Assim como nasce a sua poesia
Mas admirada com o negro
Com seu canto fúnebre de agonia.
Nasce mais um poeta na Bahia
Assim como a letra de uma canção antiquada
Posto que seja meiguice meu verso nato
Assim como a caneta é a faca e o livro, o prato
Minto? Não. Se sou baiano!
Sou poema de Cayme que o mar
(Revela)
A brandura de Canô que renasce em Caetano
(Eu sou)
Mais um poeta da Bahia
(Amor).