Caipora

Para a lenda, a medonha caipora,

Amedronta todos homens caçadores,

Para muitos ele é somente agora,

Aquele que põe freio nos matadores.

Pode até ser um caboclo pequeno,

Com um olho bem no meio da testa,

Cocho, atravessa a mata, seu terreno

Montado em porco selvagem faz festa.

É um índio ágil de baixa estatura,

Homem peludo de vasta cabeleira,

Tudo lhe é uma grande aventura,

Vendo, fuja logo numa só carreira.

Está associada a vida da floresta,

Um guardião de toda vida animal,

Tira sossego de quem os molesta,

Para todo aquele que os trata mal.

Afugenta a toda e qualquer presa,

Espanca os cães mais farejadores,

Luta muito por toda presa indefesa,

Desorientando sempre os caçadores.

Simula os ruídos dos animais da mata,

Assobia, estala galhos, dá falsas pistas,

Não deixa que o homem a caça abata,

Deixando os caçadores bem pessimistas.

Domingos, dias santos e sexta-feira,

São dias que não deve sair para a caça,

Não se meta na mata, não faça asneira,

A presença dele só lhe trará desgraça.

Mas para driblá-lo existe um meio,

Pois Caipora aprecia muito o fumo,

Na noite de quinta-feira, sem receio,

Dê também cachaça pro seu consumo.

Fêmeas grávidas não deve perseguir,

Nem todos filhotes de forma mortal ,

Pois estes animais não vai conseguir,

Jamais trate a fauna de forma brutal.

Para obter uma grande caçada,

Oferte o fumo sem grande demora,

Diga antes de qualquer empreitada:

"Toma, Caipora, deixa eu ir embora".