Mula sem cabeça
Nas cidades e povoados pequenos,
Onde a igreja é rodeada de casas,
Não passe correndo nestes terrenos,
Pois esta Mula aparece em brasas.
Também se alguém passar correndo,
À meia-noite diante de uma cruz,
Da escuridão ela vai aparecendo,
Lançando fogo num facho de luz.
Toda passagem de quinta para sexta ,
Lembra a mulher que se enamorou,
Na encruzilhada se transforma em besta.
Pois um padre que ela conquistou.
Ela vai percorrer sete povoados,
Toda noite deste pequeno tempo,
Chupa os olhos de seus atacados,
Unhas e dedos é o seu passatempo.
Apesar do nome de “Mula-Sem-Cabeça”,
Quem já a viu diz que não é verdade.
É um grande animal forte, não esqueça,
Lançando fogo com muita vontade.
Nas noites, ao longe, seu galope ressoa,
Acompanha longos relinchos gemidos,
É como se fosse qualquer pessoa,
Parece chorar seus sonhos perdidos.
Ao ver a mula deite de bruços no chão,
Esconda as mãos para não ser devorado.
Se quer livrá-la de toda aquela maldição,
Tire da boca os freios, que nela tá colocado.