Lenda do Boitatá

Boitatá era uma espécie de cobra,

De um grande dilúvio sobreviveu,

Fugiu num buraco fazendo manobra,

E o olho dela bastante cresceu.

Pelos campos vive sempre a vagar,

Assume as vezes forma de cobra,

É facho de fogo em qualquer lugar,

Restos de animais ela busca a sobra.

Mbaê-tata chamados pelos índios,

No nordeste “Cumadre Fulôzinha”,

Coisa de fogo do fundos dos rios,

Ali ela reina quase sempre sozinha.

Fogo-fátuo é um fenômeno da ciência,

Gases inflamáveis dos pântanos emanam,

Lá vai a minha pequena advertência,

Tochas em movimento somente enganam.

Persegue todo noturno viajante ,

Ao ver o fogo saem correndo,

O homem apavorado e bem ofegante,

Geralmente ao vê-la foge tremendo.

Dizem que é espírito de gente ruim

Ou simplesmente uma alma penada,

Por onde passa o fogo é assim,

Para muitos é apenas cobra criada.

Alguns dizem que as matas protege,

Contra incêndios e qualquer queimada,

Protetor dos campos a lenda o elege,

Pelo fogo ou medo numa só passada.

Serpente de fogo durante a noite.

Mas de dia se torna muito cego,

Para outro lado da mata é açoite,

Pobre daquele que por ela for pego.