Um Matuto apaixonado falando com Deus
Êta mô Deus, queria eu ver os zóio dela
Tão lindo, Deus, meu amô dos zóio que nem “péroa” (pérola)
Êta muié linda...
Linda minha, bunita que só vendo
Dela num tem na venda
O Zé disse que num tem mais
Dela só arrumo sartando a janela
Na ponta dos pé vou ver minha muié
É minha missa de domingo
Futebol no sol a pino
Meu luar, minha viola
Poesia, céu, vitrola
Êta mô Deus, eu tô é bobo com essa morena
Muié do cão essa diaba
Deixa mole, deixa bamba
Me arreia as perna
Êta mô Deus, se ela for simbora?
Simbora nóis vai também
Deixo nada ela me deixar
Tanto tempo sem amar
Num quero ôta vida longe do mar...
Dos zóio dela
Êta mô Deus, será que casa cum eu?
Será que lembra ou esqueceu?
Num quero nem saber...
Arrisco meus boi, cabrito e até o Eliseu (passarinho meu)
Êta mô Deus, ela é bunita, num é?
E o sinhô tire os zóio, vum?!
Deixe de inxirimento
Só eu que provo desse seu experimento
Êta mô Deus, tô é cum os zóio apregando
Amanhã tu traz ela de vorta?
É o trato... Se não num tem cachaça nem azeitona no prato
Num fica assim, Deus...
Ó, a irmã dela disse que tu era bunitinho
Era só tirar essa barba de bode e butar um terninho
Mas num é de adevogado, não
Ela quer de delegado
Tá feliz, num é? Mas tá tarde...
Trato feito
Agora vira pro teu lado