Fragmento natural VIII - Da vida doce e das Páscoas vindouras

VIII

“Taca açúcar nesse leite,

Pra ver se apura mais rápido!”

A colher é de pau;

O tacho é de cobre;

A braúna é de ferro.

Na rua o silêncio do Senhor morto;

No quintal a trempa a crepitar;

E o leite a borbulhar.

O apurar da vida é mais lento que o do doce.

Borbulha devagar.

Entre as sextas da paixão e os domingos da Páscoa.

Mas, assim como o doce,

Precisa de muito açúcar.

“Taca açúcar nessa vida então,

Pra ver se os dias ficam mais melados

e o silêncio do Senhor morto seja menor!”