BOIADEIRO DA SAUDADE

Sinto uma saudade imensa

Quando passo num estradão.

Ouço bater dos cascos no solo

Vejo a poeira elevando-se do chão.

Na poeira da estrada

Vejo fantasmas dos bois.

Vejo eu peão estradeiro

Num tempo bom que longe foi.

Sons de berrante vem à mente

Nas noites de ventania.

Chora meu coração em silêncio

No sopro da brisa fria.

Chora o berranteiro saudoso

Amargando sua vida passada.

No aboio do seu berrante

Chamando a boiada.

Vai boiada para o infinito

levantando poeira do chão.

Misturando-se aos gritos e lágrimas

do peito do saudoso peão.

Caminhos tortuosos da vida

Que levam ao encontro do nada.

Na saudade do passado

Sou eu boi, sou eu boiada.

Ademar de Paula
Enviado por Ademar de Paula em 21/10/2010
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