BOIADEIRO DA SAUDADE
Sinto uma saudade imensa
Quando passo num estradão.
Ouço bater dos cascos no solo
Vejo a poeira elevando-se do chão.
Na poeira da estrada
Vejo fantasmas dos bois.
Vejo eu peão estradeiro
Num tempo bom que longe foi.
Sons de berrante vem à mente
Nas noites de ventania.
Chora meu coração em silêncio
No sopro da brisa fria.
Chora o berranteiro saudoso
Amargando sua vida passada.
No aboio do seu berrante
Chamando a boiada.
Vai boiada para o infinito
levantando poeira do chão.
Misturando-se aos gritos e lágrimas
do peito do saudoso peão.
Caminhos tortuosos da vida
Que levam ao encontro do nada.
Na saudade do passado
Sou eu boi, sou eu boiada.