O sertão em seu sertão
Após enfrentar chuva
Escuridão e tempestade
Matar vários leões
Para sobreviver
Tomar tanto sol na cabeça
Até dizer- chega!
Trabalhar como bicho
Noite e dia
Para ter o que comer
Severinim, o homem cabirú,
Chega a sua casa
Que nem um cachorro acuado
Com rabo entre as pernas
Já não sabe mais falar;
Nem mais rezar pra o seu padim padi siso
Mas para que falar?
Mas para que rezar?
Se apenas
Engole a comida
Como fera
Sem sentir o gosto.
Sem boa tarde, boa noite
Nem bom dia
O mundo à revelia.
A vida esqueceu que ele vivia.
Já está...
Seco com solo da caatinga
Solitário como Sertão,
Com arbustos retorcidos
Cheio de espinhos e
Folhas caídas pelo chão,
Raízes profundas fincadas à terra a procura de salvação
Estático...
Dramático...
Imóvel... em ação...
Com sua pele áspera e seca
De rinoceronte
Que já não agüenta receber
Mais carinho
Porque a essa hora
O carinho já machuca
O horizonte
Arranha e fere
Mais que uma tapa
Na cara
A vida, o homem que embruteceu e, em contra ponto, a vida bruta o homem engruteceu...
Dentro...
Do
Seu
Próprio
Breu...