O NORDESTINO E O PADIM PADE CÍCERO

Acariciei meu corpo

percebeno meus pêlo moiadim pelo suó

que brota da pele sofrida pelo tempo.

Oiei pro céu, e vi as nuvem se juntano e logo escureceu.

Tirei o suor da testa, que escorria pro nariz,

denunciano a quentura que tava fazendo.

Fiquei emocionado, quando ouvi um istrondo vindo do céu.

Esbugaei os oi e arreparei a chuva caino.

O meu suó agora misturava com os pingo trazido pelo vento.

Os Passarim revuava procurano abrigo,

e os relampo clareava o céu com seus Raí,

e eu ali estatelado agradecia a Deus.

As foia tava orvaiada pela caricia do céu.

Arretirei meu chapé, de forma respeitosa,

garrei minha inxada e bailei sem pará entre as plantação,

Lá do céu com certeza meu Padim Pade Cícero ria de mim.

De encontro à chuvarada, vou vuano pra casa abraçar a famia;

que já vinha na minha direção,

A minha Matide de pé no chão, corria com seu vestido

grudadim na sua formusura

trazendo os guri.

Direpente estacou na minha frente,

não sabia se chorava ou se sorria.

Eu só sei que ela me abraçava,

e neste abraço, senti seu coração palpitano de alegria

incostadim no meu peito.

Os moleque me puxava pra lá e pra cá

e neste puxa, puxa, de alegria,

nois caimo no chão rolano na enxurrada

que descia em disparada serpenteano o sertão.

Levantamo sujo de barro,

Butei Tiago na carcunda,

entrelacei Matide,

dei a mão a Barnabé

e prá casa retornamo.

Tomemo baim, pra tirar a tiririca que a terra moiada deixou.

Ascendemo os fifó e esquentemos no calor do fugão de lenha, que aquecia a água do café, a borboiá.

Logo, logo, os guri dormeceu.

Peguei um a um e na cama butei.

Voltei pra minha muié, que tava linda, radiante,

Iluminada pela chama que briava na cozinha tão modesta.

Ela tava incuidinha com o vestido entre as perna,

toda marota e brejera;

Fui chegando de mansinho, sentindo seu respirar;

Bem pertim da minha boca que dizia:

Matide... eu te amo minha flor.

Abracei seu corpo escuturá

e ali mesmo nois amamo ouvindo a música no teiado

dos pingo que banhava as teias do nosso ninho.

Adormecemo entrelaçado e logo pela manhã

óio pra ela reluzente o ar era diferente, alegria sem iguá.

Pego meu chape de paia, minha sandáia rasta pé,

No ombro, boto a inxada,

ainda suja de barro, do dia anterior.

No camim percebia os cantar dos Passarim.

Os poço todo cheim, Gumitano água pura.

Vi a nossa marca no chão

O florar do feijão.

O cantar do sabiá.

O mi desabrochar,

e nove meis dispois.

Nasce Esperança nossa fia

Pra completar essa famia do nordeste brasileiro.

ESPERANÇA!

Deomídio Macêdo
Enviado por Deomídio Macêdo em 14/11/2008
Código do texto: T1284029