De Água Doce

Bem ali há uma barranca, onde a poesia

Acorda o dia mirando o aguapezal...

Quando ainda dormem as velhas canoas

Entre as taboas que balançam o avencal.

Ali a poesia tem magias e esperanças...

Pelas crianças, filhos de um pescador,

Que na incerteza de trazer pão para a mesa

Pesca a grandeza em gestos simples, de amor!

Só pede vida para as águas do rio

Não é arredio, mas navega em despedida...

Não quer fortuna... Mas quem dera! Antes fosse!

É o pescador de água doce submergindo da vida.

Será que os piás não terão a mesma sorte?

Nem sei que norte seguirão neste viver!

Adeus ao rio espelho eterno do céu...

No espinhel, meus versos, meu bem querer!

Pode a vida lhes mostrar a delinqüência?

Ou ficará a consciência de pescador?

O velho rio então só escorrerá nos olhos

Lembrando a vida que era linda, era de amor.