CORAÇÃO DE POTRO
Minha verdade renasce a cada aurora,
Quando as esporas riscam o chão do galpão.
Minha verdade é razão e identidade,
É a cor da liberdade timbrada ao verde do chão.
Canto o presente estribado no passado,
Que é perpetuado pelas verdades que tem;
Meu canto é simples como a chama da vida,
Firme na lida se preserva e se mantém.
Cordas que vibram na boca de um violão
É o rincão fluindo da ponta dos dedos;
Cordas que vibram sujeitando um redomão
É tradição na lida e também tem segredos!
Minha verdade está na fonte de água pura,
Minha cultura não se dobra bem assim!
A fé em Deus e o respeito à natureza
São as certezas que trago dentro de mim.
Reponto a vida cruzando de um pago a outro,
E este coração de potro faz tropel dentro de mim;
Escaramuça pedindo por campo aberto
Para enxergar de perto a querência donde vim.
Enforquilhado sobre os pelegos e o basto
Deixo meu rasto na lonjura da invernada,
E escrevo versos pelo bico das perdizes
Nas cicatrizes dos carreiros da boiada.