Coqueiro Deitado

Desde o bisavô passa de pai pra filho...

E a mão do destino alcançou-me a faca.

Refletindo o pêlo do pingo tordilho,

Nas manhãs “prateando” junto da guaiaca.

Teu brilho antigo reluz no presente,

A honra de uma gente que luta e trabalha;

Que deu alma e sangue pelos descendentes,

Por vida descente, sem querer migalhas!

Um palmo e meio de folha azulada,

Coqueiro deitado que não vira o fio;

Herança que trago sempre bem chairada,

Desafiando o tempo, sem perder o brio.

Bainha de lei, na medida exata,

Couro de capincho com lonca ponteada;

Reforço escondido e orelha chata,

Cabo e ponteira em prata cinzelada.

Pra atorar o laço numa enleada bruta,

Pra tirar uns tentos, para assinalar.

Traíra de aço, firme na labuta,

Pra sovar a palha, para churrasquear!

Pelas campereadas firme na cintura,

No cano da bota corredor afora.

Cortando no assado entre goles de pura,

Nas festas colgando o rebenque e a espora.

Aparando sonhos, cortando mentiras,

Sovando esperanças, sangrando a ilusão.

Entalhou amores junto a guajuvira,

Meu nome e o da linda num só coração.

Lasqueando o charque numa sombra mansa

Reflete lembranças ao mesmo sol que arde,

– de espadas, adagas e cargas de lança –

Quando o ferro branco escreveu: Liberdade!

Melodia de Vitor Amorim 8ª Sapecada da serra catarinense

Melhor tema campeiro