NO PAÍS DO FUTURO
Repartir esta morte
sancionada por decreto.
Presenciar este saque
ao futuro.
Hastear todos os dias
esta esperança a meio-pau.
Sangrar cotidianamente
pelo País do Futuro.
No País do Futuro
erguer as mãos
até derreter os dedos.
No País do Futuro
comer os ratos
até resgatar os ossos.
No País do Futuro
sorver o asco
até resgatar o Dia
de redimir nossos mortos.
E enquanto as árvores sangram
e nós secamos
reconstruir cada dia
a floresta inverossímil da esperança.
do livro POEMAS DE AZUL E PEDRA, Editora Mirante, 1984. ( Com algumas pequenas modificações).