MARAGATOS E CHIMANGOS

a história que vou contar

é mesmo de arripiar

mas é pura e verdadeira

dos lados da fronteira

brasil e banda oriental

divisa internacional

a verdade dos fatos

pica-paus e maragatos

volta e meia se encontravam

tão feroz era a raiva

de um tal gomercindo saraiva

o protótipo dos caudilhos

entronado nos lumbílhos

mais do que um idealista

defensor federalista

e por demais aragano

ante o partido republicano

mil oitocentos e noventa e três

a revolução se fês

num combate sangrento

o impiedoso degolamento

a tal gravata colorada

do fio de cherenga afiada

como se degola ovelha

e vai espalhando a centelha

do ódio e da crueldade

a maior brutalidade

era macabro e selvagem

escreveu com sangue a passagem

da revolução de noventa e três

dez mil vítimas se fêz

prisioneiro virava esqueleto

rio negro e boi preto

mil gargantas cortadas

caróticas seccionadas

ou de orelha a orelha

tombava em terra vermelha

de ólhos esbugalhados

aqueles pobres coitados

ainda olhando pra mão

da faca prateada

era mais uma gravata colorada

do temeroso negro adão

dez de agôsto de mil oitocentos e noventa e quatro

com o infausto impacto

de disparo de alguem dalí

na coxilha do caroví

as rajadas de raiva

do dr julho de castilhos

tombava o maior dos caudilhos

pra sempre gomercindo saraiva.

autor: VAINER DE ÁVILA

GRUPO POETAR CIA DO PORTO

TEATRO E LITERATURA

CAPÃO DA CANOA RS

Vainer de AVILA
Enviado por Vainer de AVILA em 29/12/2007
Reeditado em 12/11/2008
Código do texto: T795721
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