Tripulação da canoa que nos vê ou emblema de Minas
Nós, os mineiros,
ficamos sentados na beira do rio lento
e lentos,
rimos do leito,
rimas deleite.
Leite,
dentes arreganhados,
entrementes.
As águas descem calmas,
mãos calmas
em curvas,
remansos,
mansos,
oleosas quietações.
Nós, os mineiros,
esperamos o peixe,
signo de Peixes na testa e na alma.
Nossa alma para dentro do rio.
A tripulação da canoa nos acena da margem contrária
e daqui do barranco viscoso,
limo nos pés e na sina;
acenamos de volta.
Relâmpago na vista atrapalha,
cigarro e palha,
vaga-lumes de brasa,
esperança de ouro.
Cálix bento.
Nós, os mineiros,
moleques de pedra-sabão,
liberdade no emblema do brim e no pavilhão.
Despenca chuvarada sobre a tez do rio.
Mandalas de vapor e ácido,
cheiro forte de terra,
lágrimas descem pelo rosto sem notar o sal que deságua na boca.
Nós, os mineiros,
homens-elemento e espírito do centro,
do rio, da chuva sobre o vale das montanhas
e do silêncio do estio.