Revolução dos sentimentos
Perguntaram-me como eu me sentia
com relação à nação brasileira.
Eu disse o que podia,
o que não podia, me calei.
Achei melhor
voltar meus sentimentos
para o que de mais útil
possa ajudar.
Enfim, decidi-me:
Estatizei minhas emoções,
elas viriam, a partir de agora, do Estado,
estariam subvencionadas pelo poder público
e como tais, iriam depender das verbas.
Portanto, uma paixão mal resolvida
teria que esperar o decreto presidencial.
Um amor de fim-de-semana
a reunião dos parlamentares
a legislar sobre o assunto.
Para um mau humor seria melhor:
bastaria uma consulta ao diário oficial.
Uma tristeza precisaria de um projeto de lei,
precisaria ser homologada.
Mas o que seria demorado mesmo
é a ira, essa teria que ter
consulta popular em plebiscito,
para que fosse devidamente referendada.
Assim, quem sabe,
minhas emoções estariam em acordo com
o projeto de governo
e não teria que justificá-las
Para qualquer um nem para ninguém,
eis tudo.
Essa seria a revolução dos sentimentos.
Promulgada a 7 de setembro
de 2013.