POR ALGO...

Quando os olhava

Sentia vossa sede

Como se fosse a minha

Quando os olhava

Admirava-os como se suas palavras

Fizessem parte do meu sangue

Quando os olhava

Via o resplendor do futuro

Que eu almejava

Até tudo se virar contra mim

Naquela tempestade sem sentido

Onde meu barco não tinha vela

De um momento para o outro

A sede passou a reprimir minha voz

Até não sobrar grito nenhum

As palavras coagularam meu sangue

E atrofiaram meus músculos

E eu não pude lutar por um tempo

E o futuro era só uma sombra reverberando o raio

Onde pude enxergar as trevas em cada rosto

E o frio intenso que se encaminhava em vossas mãos

Antes eu via em partes e agora vejo face a face

E conheço quem vocês são! Nunca esqueço um rosto.

Não esqueço nada! E vi e fui vitima de suas capacidades!

Nada tirará esta lembrança e embora ainda esteja à deriva

Meu sangue já voltou a circular, a minha sede é de justiça

E futuro indefinível; se hoje porém o mar agitasse

Amanhã tenha certeza que virá a calmaria

Como nas batalhas dos antigos cujo resultado era

O estertor do mundo e uma magnânima incoerência

Nem eu, nem tu e nem nós venceremos

Mas o que restar irá transformar essa realidade corrupta

E é onde deposito minha esperança para hoje lutar

Contra a tempestade, o mar e seus olhos oniscientes

Que ditam as regras inconscientemente

Nos relâmpagos que lhe aplaudem...

(Do Livro "Para Ninguém")

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 18/07/2011
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T3102543
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