Anticlímax Nas Urnas

Eram muitas torturas

Fogos de memórias

Perguntas sem respostas

Temíveis histórias

O demo dono do pedaço

O poder secreto de seus

Afetos a todos dominava

Ninguém poderia escapar

Sair ileso, tantos suplícios

Quantos mais inventados

E o demo vivia cada dia mais

Excitado com a sensação de

Poder sobre seus dependentes

Ao inferno afiliados. Quanto

Mais dor e perversidades

Melhor se comprazia em

Inventar maldades. O sofrer

De todos aumentava o poder

Dessa realidade. Havia Um

Apenas Um, que o irritava

Por que o inferno não é

Democrático, precisa de

Toda unanimidade para que

O capeta mais e melhor

Sinta-se à vontade. E esse Um

Apesar da força da multidão

De almas penadas que a olhos

Vistos nascia e se multiplicava

Apesar da força descomunal

Da gravidade geométrica do

Planeta cidade que puxava

Com a força do buraco negro

Que nunca se fartava, esse

Um de longe a si mesmo

Falava: Minha alma o maldito

Não poderá roubar. Não teve

Não tem nem nunca terá. O

Poder maligno do presidente

No Palácio do Planalto da

Inferneira, advinha da grande

Necessidade, ele fazia minhas

As penas da sua familiar

Coletividade. Alimentava

Suas aflições e sorria das

Disputas com que se deleitava

Para Fulano dava um emprego

Beltrano se regalava com mais

Trinta dinheiros. A Sicrano

Convinha planos de cargos

E salários com DAÍ e DAS

A todos premiava com farto

Desassossego. Até o tocador

De pífano cego, fazia o jogo

Do senhor dos mais íntimos

Infernos. A cada medo de

Estimação, a cada torpedo

De comunicação, o maldito

Ganhava outro voto secreto

Prometia o 14° e o 15° salário

Para quem participasse de sua

Prelazia de cargos, promessas

E dotes pecuniários. Mas,

Mesmo com tantos encostos

Com nepotismos oficiais

Almofadas e arrimos para

Todos os gostos, aquele Um

Não foi cooptado. Rejeitou

As muitas misérias esconsas

Sob o tapete do plenário

E a sujeira por detrás do Plano

Nacional de Cargos e Salários

Aquele eleitor Um e único

Mesmo ficando sozinho rejeitou

A ração que aos outros atraía e

Desalimentava. Sua alma não

Adormeceu vendo a telenovela

Calada e os azulejos lusitanos

Que desde Porto Seguro às

Caravelhas hipnotizava. Não

Lhe comovia essas mordomias

Que àqueloutros encantava.

Órfão de todos, de tudo, de

Pai, mãe da grande família dos

Eternos aflitos, longe das

Influências dos honoráveis

Bandidos, ele, Um, votou em

Branco.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 24/08/2010
Reeditado em 24/08/2010
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