RETRATO DO BRASIL

O mundo civilizado impôs o curso natural da história
e globalizou em um só contexto
as alegrias e tristeza
triunfos e fracassos!

sem nunca cicatrizar as chagas torturas da brutal ditadura
que perdura na vida da humanidade.

A vida é que se desintegrou numa louca espiral:
desigualdades sociais inflação
corrupção violência e medo !

O poder se faz pela força da grana, da corrupção
e do poder do pó infiltrado no seio social.

-  Retrato preto e branco esculpido nos murais das faces sofridas
que perambulam pelas ruas vazias
de um país abandonado, vazio!

O público torna-se privado
invencível e infindável é a guerra de cifras e botões
que desumaniza a vida!

- Estamos todos enquadrados
revelados na muldura espelhada
dos palácios de Brasília...

Estamos todos amarrados às convenções partidárias
que nos impõem os sonhos de consumo e desejos
estamos todos majorados
e castrados na liberdade de sonhar...

Ruíram-se todos os castelos !
Saúde – Trabalho - Educação

Liberdade sem identidade, crenças manipuladas
enquanto a vida torna-se uma utopia !
descaracterizada na língua, na música...

Nas fachadas comerciais, luzes néon agridem
a última flor do lácio perde dia-pós-dia sua nacionalidade !

"Esplendor e sepultura ouro nativo
que na canga impura a bruta mina entre os cascalhos vela...” ( ...)

Invade nossa privacidade o computador!
A web wide world…-bye, bye, Brazil !

ii

Velas... mortalhas... almas !
nossas cabeças sangram, escalpeladas
almas são expostas, nuas
tornam-se  troféus expostos em totens apaches !
a gritar pelo guerreiro tupiniquim !

Brasil da rapadura doce e dura Brasil do arroz e feijão!
Brasil do futebol Brasil de Antonio Conselheiro e Lampião
Brasil do Capitão Lamarca ...
Santa Maria da vitória do bravo Claudemir de Moraes !

“Mas se ergues da justiça a clava forte
verás que o filho teu não foge a luta
nem teme quem te adora a própria morte
terra adorada...!” ( Osório Duque Estrada )

Era um povo heróico de brado retumbante
era um sonho de eternos símbolos
era um sol de liberdade e raios fúlgidos...

Hoje um gigante traído, vendido, roubado !
resto de um sonho devastado e corrompido...
Mas que povo é esse que não mais fala de revolução ?
que não tem a alma armada e as mãos prontas pra lutar ?
que povo é esse ? que pais é esse ?
oprimido, calado, vencido sem as cores do Brasil ?

Viva a revolução e a classe operária
Viva Padre André e Irmã Zélia
Viva Professora Ena Rocha e Rosa Magalhães
Viva Major Felix Joaquim de Araújo e Professor Claudemir
Viva a revolução !

iii

Correntina não é mais aquela índia
morena menina que ao poeta encantou.

Perdeu-se ao dar sua virgindade
foi-se a sua mocidade, a inocência dos sonhos ruíram-se !
enquanto os jovens acomodados e indiferentes
aquietam-se em suas carteiras escolares
aquém de suas origens.

Parece ainda que foi ontem, quando tantos brasileiros
marcharam contra a classe opressora.
- A ditadura foi dura tortura !

Heróis traídos e banidos foram chorar em terras estrangeiras
o sangue dos companheiros tombados em nome da Pátria varonil !
tinha-se brio, tinha-se honra, era Brasil !

Mas para onde nos leva este Brasil civil
da estrela cadente e solitária
esperança dos jovens e velhos companheiros 
que nos fez  vítimas da justiça da política, da polícia...
Vítimas da corrupção !
vítimas dos privilégios e da omissão
vítimas dos exploradores do voto
vítimas dos exploradores da fé.

Enquanto o próprio Cristo é transformado em produto de marketing
e vendido em porções limitadas, que curam !

iv

Retrato preto e branco pintado com o pranto
dos que famintos choram nas filas dos hospitais
do desemprego
do assistencialismo que nos trata feito cidadãos falidos
implorando um lugar nas filas da previdência!

A corrupção dilacera a nação
e o povo imolado deixa-se queimar no altar por todo mandato.

A alma do povo sofrido chora
querendo ainda acreditar que amanhã será um novo dia !
mas que dia será amanhã
se o poder corrompe toda alma pura !

A corrupção assola e assustada
contamina e mina em todos os terreiros
ou estanca-se a sangria
ou nunca seremos uma nação justa e livre
dos preconceitos da descriminação.

Mesmo que as palavras degenerem os sonhos
e as idéias sejam inconcebíveis;
mesmo que os sonhos não mais movam os propósitos
e que diante de nós vejamos o improvável
e o absurdo de mãos dadas
nos palanques eleitorais
a cantarem hinos de louvores à pátria...

Precisamos ter fé, coragem para mudar o Brasil!
Não basta cultivar esperanças
pois na promessa de cada pleito perdemos a luta !


V
Quebraram a agulha da bússola
e nos perdemos no tempo
não sei se choro a dor amarga das lembranças verde-oliva
ou se me desespero com a vil corrupção civil !

Ratearam a nação entre a marfia partidária
arrancaram do meu peito a esperança na estrela rubra
minha a autoestima, extinta no palanque corrupto .
se foi o pouco que inda restava de amor varonil
pobre Brasil civil, de democracia injusta, suja !

Leis para o povo e privilégios pra burguesia
o sonho do proletariado acabou !
A estrela perdeu-se na trilha da Alvorada
ofuscou-se... apagou-se ! apodreceu.

Enquanto isso a vida leva-se a solta e o jovens “ficam”
de olho na bola, na porta da escola, no rateio do pó
na banalidade da era:
-po co tó ! po co tó ! po co tó !

Enquanto cachorras vadias ladram saciando a matilha
num cio vulgar ... atrofia cultural e mental !.
Jovens perfuram o corpo
penduram piercing tatuam a pele
com figuras monstruosas aderem as drogas
vulgarizam a música, o namoro, o beijo, o sexo !
- vulgarizaram a vida.


Ninguém mais gosta de poesias por isso a alma é vazia! ...
e eu que um dia cheguei a pensar que era infeliz!

Tudo agora é utópico, quando não é banal !!!
Sem teto, sem crédito e sem renda
cheguei a desistir da loteria e acreditar na estrela_guia
sem medo de ser feliz ...
Ficaram apenas os muros pintados e
os tantos sonhos derramados na lama !

“e agora José ?
A festa acabou
a luz apagou o povo sumiu
a noite esfriou e agora José, para onde”?
                                                                   (Carlos Drummond)

Se você tivesse morrido na guerrilha do Araguaia
certamente você seriao bravo eternizado o matir!
- meu herói!,

Agora já nem sei se você lotou ou fugiu.
estas sem nome,
estas sem partido
vives  ignorado em seu próprio pais !

Seu discurso acabou
vive escondido da midia
acabou a utopia e tudo murchou

Você não será mais o Presidente, a trama se desfez
e o sonho acabou!

-“José para onde?.”

Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 24/06/2009
Reeditado em 27/06/2009
Código do texto: T1664917
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