DEVANEIOS DE UM SEGUIDOR DO TEMPO
Sólida lágrima triste,
Vagueia corrente, sem fim.
Margeia o cantor em riste
Com sua canção afim.
Pássaro sozinho no céu
Medonho vai migrar.
Sem medo algum do véu
Vai embora para além mar.
Um sonho distante, impróprio
Revolto com nada ser.
Apaga da história o hilário
E aprende a compreender.
O homem no alto do prédio,
Apostou no jogo e perdeu.
Tentou tirar-se do tédio,
Mas apenas enlouqueceu.
Uma borracha traiçoeira
Apagou o enredo do papel.
Prendeu-se na ratoeira
Escondida no cartel.
Numa gota de vinho
Perdi o que estava a conter.
Escondi minha vida num linho
Que ninguém aprendeu a ler.
Meu fim chegou só
Sem ninguém para consolar
A dor que virou pó
No fundo do meu lar.