Cheiro das letras

Quero até a literatura já gasta
Dos sebos mineiros
Dos acervos paulistas,
Quero até o cheiro
De naftalina e de traça
Que inala o orgão que se comove
Com ácaro cultuado
Nos artigos e revistas!

Quero até a sensação
De uma aventura tão antiga,
Quando folheio com atenção
O amarelo de uma vida!

Quero até o seu suspiro
Incomodado com meu tato,
Quem disse que eu respiro
Sem esse delicioso contato?

Quero tudo desse jeito
Os inúneros olhos impregnados,
Por tudo o que já foi feito
É que eu tenho todo cuidado!

Já disse, amo essa nostalgia
Que não toco em outros arquivos,
Gosto desse tempo em que me perco
E não troco nenhum desses livros
Por qualquer outro tipo
De alumbramento ou analogia!

(Aos apreciadores de sebos do Brasil inteiro!)
Cristina Jordano
Enviado por Cristina Jordano em 19/05/2011
Reeditado em 19/05/2011
Código do texto: T2979646
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