Cheiro das letras
Quero até a literatura já gasta
Dos sebos mineiros
Dos acervos paulistas,
Quero até o cheiro
De naftalina e de traça
Que inala o orgão que se comove
Com ácaro cultuado
Nos artigos e revistas!
Quero até a sensação
De uma aventura tão antiga,
Quando folheio com atenção
O amarelo de uma vida!
Quero até o seu suspiro
Incomodado com meu tato,
Quem disse que eu respiro
Sem esse delicioso contato?
Quero tudo desse jeito
Os inúneros olhos impregnados,
Por tudo o que já foi feito
É que eu tenho todo cuidado!
Já disse, amo essa nostalgia
Que não toco em outros arquivos,
Gosto desse tempo em que me perco
E não troco nenhum desses livros
Por qualquer outro tipo
De alumbramento ou analogia!
(Aos apreciadores de sebos do Brasil inteiro!)