LUPA
LUPA
Vejo que sou um peso de pálpebras perfurando sua epiderme. vejo que palavras se jogam do fundo da panela procurando me triturar, me castigar, me saciar... e me realizar da maneira poema-enredo que nunca fui...
Vejo um quarteto de gás rimando com seis tercetos de fúria; e o quarto seu corpo se espalha tem um tato de porre que chega doer meus ouvidos. minha manhã está sendo amamentada pelas tetas floridas de Confúcio; e o calor de domingo pinta de ácido o sabor do seu cheiro.
Vejo laranjas numa bandeira de lata e roscas seguidas por melancias.
vejo caixas, livros e retratos onde você guardava suas paixões.
Penso nos dias do seu quintal, na sopa de letrinhas citando frida kahlo...
e somos uma ilusão cujo fim é a morte, busto banguelo e juvenil de ossos que cantam: “a vida de vocês não vale nada. o universo pleiteado por vossa inexorável sabedoria não passa de uma rua feia. vocês são todos cavalinhos feios que não sabem fazer gozar minhas alminhas de Chopin”.