LUPA

LUPA

Vejo que sou um peso de pálpebras perfurando sua epiderme. vejo que palavras se jogam do fundo da panela procurando me triturar, me castigar, me saciar... e me realizar da maneira poema-enredo que nunca fui...

Vejo um quarteto de gás rimando com seis tercetos de fúria; e o quarto seu corpo se espalha tem um tato de porre que chega doer meus ouvidos. minha manhã está sendo amamentada pelas tetas floridas de Confúcio; e o calor de domingo pinta de ácido o sabor do seu cheiro.

Vejo laranjas numa bandeira de lata e roscas seguidas por melancias.

vejo caixas, livros e retratos onde você guardava suas paixões.

Penso nos dias do seu quintal, na sopa de letrinhas citando frida kahlo...

e somos uma ilusão cujo fim é a morte, busto banguelo e juvenil de ossos que cantam: “a vida de vocês não vale nada. o universo pleiteado por vossa inexorável sabedoria não passa de uma rua feia. vocês são todos cavalinhos feios que não sabem fazer gozar minhas alminhas de Chopin”.

Abiatar Machado
Enviado por Abiatar Machado em 13/06/2009
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