Gênesis Herética

Raios serpenteantes do sol

Rasgam o véu de névoa que encobre bosques profundos

Esquadrando extensões parciais

De um ser sob círculos dourados e escuros

Encontra-se em vertiginoso anseio

A alegoria humana de Vênus

Iluminada como celeste principado irônico

Sonha tragédias tentadoras

Miragens da união de anjos e demônios

Suor e tremores banham seu delírio

O prelúdio da falsa morte,

Através do poder latente do desejo

Transmuta na relva sombras do abismo

Formas etéreas e ocultas da sensualidade

Materializações dos futuros prazeres terrenos

Circulam lascivas em adoração

à perdição estendida sob o sol do eclipse

Tempo, dimensão, ideia e realidade se misturam

No ápice do ritual de gemidos e sussurros

Ante o furor hipnotizante do gozo

Tudo se dissolve.

Silêncio.

No lugar de Vênus, uma jovem nua sobressalta-se do sono confuso

A primeira visão a banhar seus sentidos

É um galho contendo o famoso fruto

Sinônimo primal de ascensão e queda

A nova criação não percebe ao fundo

A serpente astuta que lhe espreita.

Laura Mancini
Enviado por Laura Mancini em 06/09/2023
Código do texto: T7879544
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