Devasso Leito
Dona dessa Terra oca,
da Natureza egoísta;
ouça meu suplício,
meu soluço choroso.
Afaga, redentor d'alma,
com tua presença,
este coração vazio.
Extinga do meu peito sôfrego,
o enlace que este destino amargo
teceu no ventre.
Preciso do leito; livrar-me-ei
do elo tenaz de angústia e
melancolia. Sou um verme,
um verme sem igual,
o mais desvirtuoso; sou
uma Lavanda murcha, sem
seu pardal.
Enrole-se neste macilento,
apodere-se das minhas vísceras,
comprimindo todo este corpo
vil. Estou tão cansado. Leve-me.
Leve-me à não-existência;
atenda meu pedido, e faça-me,
assim, descansar do teatro
em ruínas que chamamos de viver.