Sepultada
Sem um pingo de remorso,
Apenas para seu vil deleite
Minha dor é seu prazer asqueroso
E minha cabeça é seu enfeite
É tão bom ser triunfante
Pisando nos ossos dos indefesos
Um futuro escaldante
Não manterá os corruptos ilesos
Ria enquanto pode,
Com a sua pá na mão
Enquanto meu corpo se sacode
A sete palmos abaixo do chão
Voltarei para cobrar a desfeita
À Criação a qual desrespeita
Meu descanso nunca será eterno
Se recusares o convite ao inferno
Não cuspa na minha lápide!
Pois meu ódio não dorme nunca
Até macerar seu cadáver intrépido
E arrancar sua língua pela nuca
Furarei seus olhos
Indignos de verem a Criação
Cujas almas não são seus espólios
Acorrentadas no seio da escuridão
Eternamente execrável
Indigno até de rastejar
Sobre toda a podridão excretável
O pior que eu poderia almejar
Quando tento respirar
Você arranca meus pulmões
Quando tento amar
Você dá meu coração aos cães
Quando tento pensar
Você me venda com a loucura
Antes que eu possa gritar
Sua estaca me perfura
Antes que me reste
Qualquer sombra de humanidade,
Consumida por sua crueldade
Mais virulenta do que a peste
Obrigado pelo terno favor
De me destruir o sentido
Apenas mais um rancor
Em meu espírito corrompido
Assim que desperto,
Você apaga a vela e fecha a porta
No fim, você está sempre certo
Em me lembrar de que estou morta