Melancolias e Alguns Versos V
Serpentes saem da minha garganta
Por mais que eu reze, nada adianta
A razão se esconde e o ódio se levanta
As pupilas se dilatam e a ira comanda
As mãos anseiam pelo som de fraturas,
Dos ossos corruptos, indignas criaturas
Queimem no inferno, línguas enganadoras
Calem-se nas chamas, bocas pecadoras
Não pronunciem o nome do Criador,
Aqueles que não são dignos da sua pureza
A si próprio engana-se, falso adorador
Olhos de serpente delatam sua natureza
Falsos profetas, sobre falsos pilares,
Enganam almas e mentes fracas
Purgará no pecado tudo quanto falares
Como sangra a carne, por afiadas facas
Da mão do arcanjo, ergue-se a espada
A mão direita que faz a verdadeira justiça
Rasteja a seus pés, a linhagem condenada
Choram lágrimas de sangue, os olhos de cobiça
Para a humanidade, não resta nenhuma prece
A loucura nos olhos, a cada dia, resplandece
Enquanto a alma, pela boca, desaparece
E a fé, na mente corrupta, apodrece
É isso que se ganha por carregar a cruz
Flagelar um corpo inocente,
Com o fardo a que a humanidade faz jus,
Rindo-se de sua dor e fingindo-se de crente
E o inferno também dá um sorriso
Com um beijo no rosto e um abraço apertado
Como o suborno de Judas, o pecado revelado
O tesouro da besta, seu último riso