Melancolias e Alguns Versos II
Minha alma se debate em meu corpo,
Por mais que meus olhos estejam pesados
A culpa corrói meu estômago,
Trazendo a chaga dos pesares passados
Pergunto-me quando acordarei
Desse pesadelo que me entorpece
Algum dia, espero, despertarei
Para a vida que a minha mente esquece
Sem esperança, apenas um desatino
Continuo andando, ainda respirando
Sem fé, mas com um destino
Nesse mundo, à toa, estou vagando
O horizonte não é infinito
Pois ao longo da jornada,
Termina no nada
Refletido em meu olhar aflito
No chão, marcas deixadas
Gotas de sangue e pegadas
Eram lágrimas, mas secaram
Os anos as enterraram
Os sonhos são vãs lembranças
De quem, um dia, teve esperanças
Um rosto mórbido a mirar o fim
Da miserável vida confiada a mim
De nada adianta protestar
Injustiça ou não
Há quem não foi feito para brilhar
Apenas rostos perdidos na imensidão
Por aqui, passam
Mas aqui, pouco deixam
Por mais que façam,
Suas marcas não se queixam
Vã existência
Consome a juventude
O sono e a paciência
Na ilusão da plenitude
Um dia após outro
Mais e mais comprimidos
Boca adentro,
Sustentando meus ossos sofridos
Abro um sorriso
A esconder que estou sofrendo
Sozinha, murmurando
Junto à noite, perecendo
Letárgica, sigo rezando
Meus joelhos estão doendo
E a música segue tocando
Enquanto vou morrendo