A profecia dos Völva
Escuto o esmagar dos ossos dos descrentes
e sinto o vento corrosivo de Völuspá nos lábios
Mas sinto ainda presença ainda que em destroços
da Deusa da fertilidade que fez meu coração parar.
Nunca sinto receio carnal do castigo no corpo inexistente
O horror com que tudo apavoras as trevas malditas,
Nas tuas mãos a inexorável foice são escravas da morte
pulverizando as horas nas garras de Fenrir…
A sombra foi tatuada tão próxima do coração,
que me arrasta para o leito sangrento...
Que importa? Se jamais abandonarei o salão,
Noite da noite, onde queria cavalgar com Svadilfari
na aurora carnal das promessas de amor que fiz.
A minha Alma em Bifrost sai desse hiato de sombra,
fugindo da morte que me tornei e me aterra….
Não és tu, o oásis que as valquírias apregoam nas canções!
Quantas vezes, na angústia das batalhas desejei Valhalla
Rodeado de sexo e vinho sob a leiva de flores!
sem tortura por me ter apaixonado antes de passar seus portões.
Morte que sem alma sinto que sou, as flores são de escuridão
Abrindo a sepultura no coração inexistente longe do fogo.
Fogo de de sombra que me queimou as cicatrizes de guerra,
onde morrer era renascer... e agora o mais dos horrores.
Da Morte que sou não tenho consciência do nada que deixei,
junto de quem vive no munda da fertilidade, querida Freya.
Meu sangue está no cheiro a sexo que ficou na tua pele, fina cútis ,
mas não me lembro, sou o próprio nada!
A morte sofre sua própria morte implacável !
Anjo negro que agora sou! Aos meus olhos amei como homem,
Numa noite que nunca amanheceu...
Sucumbindo à dor num assento elevado de Gladsheim,
Questiono-me da razão de ter asas tão negras,
não consigo abandonar o salão da morte em busca
da paz dos mortais e repousar no teu seio!
Inflexível a cegueira também me aprisiona por ordem de Skadi!
Nessa tortura, sinto o pó do pensamento que não existe ,
Face a face, ergo a cabeça e sinto as lâminas afiadas,
sinto essa nova dor como um deslumbramento
a visão do infinito na possibilidade de voltar a sentir dor.
E de novo, sair dessa angústia demente e lutas nos campos,
da amargura pintado de sangue dos impuros escolhidos por Odin,
A Eutanásia da mente borbulhas num corpo inexistente
Sinto todas a escória se depura no salão e perdi a capacidade de ouvir…
Que a alma que havia fugido e se libertado se eleva como Luz do Amor!