Soneto Vampírico
Muito me cansa o clamor pela luz
Quero o direito de ser treva, escuridão!
No fim das contas, estamos todos nus
Tentando encobrir nossa putrefação
Quero a matéria negra do universo
Da luz das estrelas não faço questão
Chamai-me pois, sem pejo, de perverso
Por escolher minha mortalha e caixão
Da sombra sempre fui o amante fiel
A mim causa nojo, da luz o escarcéu
Que a turba ignara insiste em ostentar
Nas trevas habito e muito me apraz
Da morte a austera e vivífica paz
Que os vivos jamais saberão degustar...