O Candelabro
É noite! A escuridão cai pesada
na catedral da vida, e o silêncio
reina absoluto, completamente intenso,
por toda a extensão da fria madrugada.
O relógio bate, os ponteiros correm.
Nas vidraças, pingos de chuva escorrem.
Em seu interior nada se ouve, mas eu,
ouço o ruído do silêncio no breu.
A fraca luz ilumina o salão.
Entregue aos livros, fujo da solidão,
ou engano, não sei se a mim ou a ela,
na pálida claridade, triste, amarela.
Os ponteiros se cruzam! Ventos uivantes
invadem minha alma nesse instante.
Escrevo seu nome em minha imaginação
com letras forjadas em meu coração.
Volto-me à janela, percebo um vulto.
Talvez a solidão seja meu fantasma oculto,
que tenta me dominar neste cenário macabro,
iluminado pela chama de um frio candelabro.
(Publicado pela primeira vez em Ondas Poéticas – Darda Editora e depois em Vidas de Areia- livro solo do autor)