O CORVO
De noite, altas horas
escuro que apavora
sentou nos goivos
sinistro negro corvo
💀
Grasnava malogrado
ciscava no telhado
lúrida sombra
balada de assombra
💀
Armado coa bengala
escancarei a janela
—xô ave infernal
ide grasnar noutro umbral !
💀
— Ó mísero mortal
venho do teu funeral
levar tua alma sem paz,
teu cadáver na Calunga jaz
te custa se apartar !
💀
— Mentes tu, baldar
queres me desvariar
mostrou-me o espectro no espelho
meu ser amarfanhado e velho
💀
Minha alma se esvaíu
com o corvo partiu
duas sombras a desbotar
sob raios pálidos do luar
💀
O tal uruvango negro
é a Morte que renego
antes fosse um morcego
que não me vê, de noite é cego
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