OS GRITOS DO ABISMO
Repousava minha alma absorta e inerte
Na augusta energia de um sorriso feliz.
Livre de antigos pensamentos tão vis
Para qual não houvera remédio nem prece.
Mas veio reinante a raiz que adoece
Abrir as veredas das hordas mais loucas.
Matando esperança já velha e sem roupas
Num palco onde o inferno de mim escarnece.
Gritou o abismo: “És ridículo e grotesco!
Tu és menos que um homem, és ser simiesco,
Grunhindo estrofes e arrotando canção”.
Afaste de mim esta ideia maldita!
Não será minha mente a próxima cripta
Nem festa sombria de minha solidão.