LOIRA DO ALGODÃO

Loira e bonita.

Olhares mais frios do que o gelo.

Queria meu sangue.

Solo de cítara

Acompanhara todo meu desespero,

O de ficar exangue.

Ecos de meus antigos passos

Nas avenidas hoje tidas como ruas.

Havia ânsia por abraços.

Essa é a verdade nua e crua.

A loira sumiu-se com a neblina.

O eucalipto, por testemunha,

Viu também fechar o Bar do Coronel.

Contudo, a entrevia a cada esquina.

Uma frialdade de corpo de múmia

Tomava-me sem escarcéu.

Talvez encontre-se nas nuvens de algodão

Multicolorizadas pelo ocaso de outono;

Talvez nossos lábios nunca saberão

E se encontrem só no sono.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 04/06/2018
Código do texto: T6354960
Classificação de conteúdo: seguro