TORMENT
Viagens no cosmos
Expedições ao infinito
O horror do vazio
A agonia do estar
Torment, senhor do medo
Reitor dos confins desse mundo
Dono de todas as bestas
Num vento frio de agosto
A garota passeava
Pela tarde cinzenta
Por aquelas ruas esquálidas
E, sentiu o seu ser
Como nunca havia sentido
Pois percebeu que vivia
E isto não era sinônimo de bom
Agora, vivendo intensamente
Morrer era o que queria
Pois a intensidade dos sentimentos
Machuca a alma
Que busca o descansar
Personagens em contradições
Demarcam o lugar
Vamos, visualize
Veja Torment
Senhor do medo
Por essas galáxias angustiantes
Vivemos no crepúsculo eterno
A incerteza do dia e da noite
Sendo juntados como gado
Aqui, fincou-se uma cruz
E nela está inscrito
“Aquele que nos vigia jamais descansará”
Cruz esquecida
Manchada pelo tempo e as memórias
Largada em uma esquina
Com sua aparência mórbida decorando o fim de tarde
Vejo alguém, e ó!
Lá esta ele
Um senhor de si
Que ignora as dores
Até quando poderá ele
Ser o que se é?
Esquecer os motivos
De passar por esses confins loucos
E ter de viver a vida
Como ela é
Mas também se pode morrer a morte
Sentir o não ser
Pois o cavaleiro de pão e água
Já inscreveu na cruz
“Aquele que nos vigia jamais descansará”
Cavaleiro sórdido
Forte como um trem
Vagando por esse mundo
A procura de alguém
Alguém tão morto como ele
Pois morrer em vida é o que acontece
Aqueles que acreditam
Se um dia ela viveu
Foi no seio acolhedor
Das fugas das dores e dos sentimentos
Em Torment, senhor do medo
E ele dita aos seus cavaleiros
E legiões de demônios
Que busquem pelo mundo
Aqueles que o procura
Pois o que querem ter com ele
São os bem aventurados
Aventura da morte
Vivida como nunca
Que aqui se faz
Mortalha de vida
Vida escarlate
De um vermelho mórbido
Por debaixo da pele
Nos matando aos poucos
Pois o que mata está em nós
E nos suga a cada instante
Como o fogo queima a cera
Numa vela esquecida
Perto da velha cruz
Cruz
Sinal de existência
Da morte em vida
E da vida em morte
Mórbida como tal
Fazendo o seu ser
Se renda, senhor
Não mais suportará
Pois um corvo aqui esteve
E ele disse
“Aquele que nos vigia jamais descansará”