Do amor vim e por ele partirei
Feixes lunares em meu rosto.
Névoas reconfortantes, manifestadas no quarto, me abraçando.
Frio que me acolhe, me puxa da realidade.
A noite parece estender-se para fora de minha relés compreensão.
Eis que a ansiosidade se esvai do meu âmago.
Me arrancando a fulgurante noção.
Os pensamentos são alimentados de emoções,
Que crescem imensuravelmente, ante o servil aspecto humanóide.
Terríveis fatos que expurgam minhas utópicas concepções.
Oh, como dói, como dói.
Do que vale sentir-se bem
Quando não se tem a certeza do que tanto julga precisar
Preciso pensar...
Ando respirando medo,
Jantando o desânimo
E bebendo raiva.
Pois preciso pensar...
Onde está, onde está?
A maldita certeza de que essas paixões irão durar
O suficiente para o amor me encontrar?
Mais uma vez, ela me persegue.
Mais debilitada, mais intensa.
Mais veloz, mais lenta.
Mais precisa, mais indecisa.
Sinto que novamente estou me tornando ela.
Não posso mais fugir.
Os abrolhos, há muito, continuam em meus pés.
Um passo, uma fincada, um passo, uma fincada.
Eu vou ceder. A breve dor é tão intensa
Quanto a de antes que fora duradoura.
Meu coração está pré disposto a sucumbir à esse monstro.
Cada vez que eu o encontro ele apresenta mais imponência, mais poder.
Meu âmago, outrora disponível a quaisquer contratempos
Perniciosos e benéficos
Há pouco, trancafiado, de tanto pensar.
Todavia, ei de dar o último veredito à este demônio maléfico.
Não consentirei que me reja novamente.
Se terei de lutar mais uma vez contra ti para conquistar o que tanto anseio.
Que assim seja.
Pois ainda mantenho o voto de dar meu espírito à custa da retificação para o meu vazio.
Enquanto meu coração bombear o escarlate
Ei de segurar mais firme minhas armas.
Enquanto meu fulgor anímico não se dissipar
Por entre as densidades da cegueira.
Ei de permanecer em pé, diante do gigante.
Por mais que eu receba a abalroada fatal,
Que me fará desabar
Minha alma há de permanecer na inquietação.
Desta vez, sem a chance de salvação