Anjos caídos, amores turvos
Pensei que aquele exílio seria eterno
Um castigo injusto para com minha alma
O amor que eu sentira por ela
Transformou-se em ódio
E logo se dissipou no esquecimento
Todavia, ainda possuo as cicatrizes daquela luta
Fui confinado em um abismo negro e frio
Todos os dias, naquele lugar
Onde a luz do sol não batia
Minha alma era chicoteada
Pisoteada e congelada pela intensa geada
Aquele ser, banhado em perversidade me fez crer
Que nada nunca estaria lá para me salvar
Ou apenas conceder-me o grande veredito.
Porém...
Algo me tocou
Uma força maior, de alguma forma
Por mais que exterior
Chegou à mim.
À vista disso, numa arremetida
Libertei minhas asas
Que antes, jaziam brancas de pureza
Agora, maculadas pela desalegria
Mais escuras que a noite.
Diante de um ímpeto
Como um corvo, bati minhas asas negras
Deixando cair penas nas imersivas sombras
Aquela proscrição não mais me feria.
Contudo, me encontrei em uma nova escuridão
Algo me fez sentir acolhido
Tal coisa derramava lágrimas
Tão negras, quanto aquele lugar banhado na turvação
De passos em passos
Mesmo com a visão bloqueada
Confiei naquele ser
Ele tocara minha mão
Tão fria...
A voz serena, revelara ser feminina
Uma fraca luz lilás se acendera
Mostrando a mim, níveas feições
Desde então, encontrei meu refúgio
Aqui, nesta caligem
Junto com esta entidade
Pelo resto da eternidade
Onde nem a morte pode fender-nos.