Dança escarlate
O pôr do sol vermelho como sangue cessou.
Toda a claridade fora dissimulada em obscuridade.
A noite é tão bela,
Quanto o brilho enigmático de nossos corações.
A dança continua sob as margens deste lago,
Que com o cair da noite
De um escarlate sangrento,
Transmuta-se ao sombrio cabalístico.
O bailado não pode acabar.
Este é o nosso romance,
Sendo construído por passos desta dança hermética.
Não se rechace de mim, meu amor.
Permita que toda a sua agonia,
Se dissipe em meus braços.
E consinta que teus soluços padecidos em lágrimas,
Escorram sob meu ombro,
Neste ritmo fortunoso sob meu olhar.
Os espinhos álgidos da noite nos retalham.
Delegue-se em mim,
Perca-se no calor deste amor fúnebre
Até o dia em que esta azáfama dos nossos corpos,
Padeça perante o prelúdio do fim: a morte.