Naufrágio
"A névoa subia gélida,
Acompanhada pelo cheiro de enxofre.
Anunciando a chuva, o silêncio partia de toda e qualquer criatura.
Ao fundo a canção melancólica, convidava os caminhantes noturnos.
Abandonados a própria sorte ou guerreiros inabaláveis.
Seu coração palpitava, bombeando - lhe o sangue.
Enquanto o frio cortante endurecia seus labios.
Mas isso não lhe importava.
O olhar...
Ele ainda estava preso dentro de si.
O olhar cadenciado e hipnótico a fazia prisioneira.
Prisioneira essa que ansiava por seu retorno.
Buscava teu doce aroma e clamava por tua distante voz.
Ele não mais voltaria, mas ela insistia em procurar.
O que era pior: o silêncio ou o abandono?
Ela revolveu a terra e afogou - se em dor.
Mas a lembrança latente e a imagem vívida não deixavam de assombra - lá...
Ela era um ser apaixonado e doente.
Cortanto a própria vida pela metade.
Anulando a própria alma em devaneios ocos.
A sombra a perseguia, tentando demovê - lá.
- Esqueça! - pedia o sussuro da noite.
Ela já não podia ouvir...
Um novo barco, vinha cortando o mar, e nesse instante a esperança era renovada.
O som tristonho acompanhava tua senhora.
Sempre parada, sempre perdida.
O tempo congelou - se,
O barco nunca chegou.
A esperança fôra assassinada e com ela a doce senhora deitou - se nos braços daquela que jamais a deixaria voltar.
O doce sonho partirá e com ele uma nova alma ressurgia.
O barco... Ele cortava o mar..."