para além do Brasil idílico
Ele me disse assim:
“o poeta não desfolha bandeiras e nem espera nada da manhã tropical que se anuncia;
Segue sem eira nem beira, cansado desse ufanismo radiante que se apregoa nos movimentos artísticos que falam de um país que só na imaginação existe; ·
Não idealiza o sertão e nem acho que a cultura dos excluídos é superior, porque não existe cultura superior,
Pois uma praxe em nossa história é a construção de mitos sobre o país e o mito fundamental é o da harmonia social,
Ou de sermos o país do futuro;
Se existe um traço que de fato se coaduna com o espírito nacional este é o da cordialidade que não significa harmonia;
Não dou vivas a nada, nem ao branco, nem ao negro, nem ao índio e nem a natureza idealizada;
Sem negar o índio, o negro, e o branco na formação social;
E o próprio papel real que esses elementos e a natureza imprimem ao nosso caráter nacional;
Chega do modernismo romântico, que idealiza,
Até quando seremos província num mundo que não é mais nacional?
De nos iludirmos com as indumentárias...
O Brasil é só o Brasil, do jeito que todos conhecem e não o que alguns insistem em colorir para além de suas cores;
Será que seremos um país da eterna pasmaceira?
Da eterna adequação e dos arroubos ufanistas?
Digo de coração partido, fim do romantismo na cultura!
Não pretendo aqui propor uma volta a nada, é política de terra arrasada vamos reinventar o Brasil?
Que futuros mil devemos esperar do Brasil?
Somos apenas uma ficção num imenso continente;
Somos o que o olho enxerga o que é real;
Não adianta querer ver símbolos pátrios onde não existem - isso é ficção!
Ah! Se me perguntas sobre os heróis nacionais acho que nenhum merecia entrar em Panteão algum, aliás, esta história de heróis...
Na verdade somos energias retidas, tensas e não dissipadas,
Em meio a nosso velho quadro político partidário nacional onde nossas elites se adéquam a quaisquer conjunturas sociais, econômicas ou políticas;
E a cultura idealizada entra nesse esquadro que de roldão carrega a todos;
Somos arroubos de ufanismo que constrói maravilhas apenas para se maravilhar;
Somos gargalos de nós mesmos...
Enquanto formos um país de commodites estaremos à mercê das flutuações conjunturais da economia mundial;
Não está na hora das elites culturais olharem pro espelho,
E cair na real?
Essas visões idílicas do Brasil serviram por um tempo hoje já não servem mais;
Vamos descolorir as cores com que pintaram o Brasil?
Ou seremos eternamente o país do futuro?
Que tal sermos o país do presente?”
Ele me disse assim:
“o poeta não desfolha bandeiras e nem espera nada da manhã tropical que se anuncia;
Segue sem eira nem beira, cansado desse ufanismo radiante que se apregoa nos movimentos artísticos que falam de um país que só na imaginação existe; ·
Não idealiza o sertão e nem acho que a cultura dos excluídos é superior, porque não existe cultura superior,
Pois uma praxe em nossa história é a construção de mitos sobre o país e o mito fundamental é o da harmonia social,
Ou de sermos o país do futuro;
Se existe um traço que de fato se coaduna com o espírito nacional este é o da cordialidade que não significa harmonia;
Não dou vivas a nada, nem ao branco, nem ao negro, nem ao índio e nem a natureza idealizada;
Sem negar o índio, o negro, e o branco na formação social;
E o próprio papel real que esses elementos e a natureza imprimem ao nosso caráter nacional;
Chega do modernismo romântico, que idealiza,
Até quando seremos província num mundo que não é mais nacional?
De nos iludirmos com as indumentárias...
O Brasil é só o Brasil, do jeito que todos conhecem e não o que alguns insistem em colorir para além de suas cores;
Será que seremos um país da eterna pasmaceira?
Da eterna adequação e dos arroubos ufanistas?
Digo de coração partido, fim do romantismo na cultura!
Não pretendo aqui propor uma volta a nada, é política de terra arrasada vamos reinventar o Brasil?
Que futuros mil devemos esperar do Brasil?
Somos apenas uma ficção num imenso continente;
Somos o que o olho enxerga o que é real;
Não adianta querer ver símbolos pátrios onde não existem - isso é ficção!
Ah! Se me perguntas sobre os heróis nacionais acho que nenhum merecia entrar em Panteão algum, aliás, esta história de heróis...
Na verdade somos energias retidas, tensas e não dissipadas,
Em meio a nosso velho quadro político partidário nacional onde nossas elites se adéquam a quaisquer conjunturas sociais, econômicas ou políticas;
E a cultura idealizada entra nesse esquadro que de roldão carrega a todos;
Somos arroubos de ufanismo que constrói maravilhas apenas para se maravilhar;
Somos gargalos de nós mesmos...
Enquanto formos um país de commodites estaremos à mercê das flutuações conjunturais da economia mundial;
Não está na hora das elites culturais olharem pro espelho,
E cair na real?
Essas visões idílicas do Brasil serviram por um tempo hoje já não servem mais;
Vamos descolorir as cores com que pintaram o Brasil?
Ou seremos eternamente o país do futuro?
Que tal sermos o país do presente?”