Aguaceiro
a chuva lá fora lava a avenida
mas aqui dentro a lágrima cai
a gota da face enxagua a vida
o peito arde enquanto ela sai
essa água desce a via à tarde
e esse pingo vem do céu azul
o rio limpa a praça da cidade
e um respingo vira o déjà-vu
um temporal mescla essa dor
o clima não auxilia o coração
esse tempo nublado no amor
traz a tempestade para razão
aquele aguaceiro transborda
enche de surpresa o instante
é o chuvisco do mal na borda
uma falha cometida distante
então o que resta é um choro
o desespero daquele cidadão
lamentar a perda do namoro
é o consolo digno da emoção
De
Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista