O meu lugar
Há lugares onde me sinto a mais
e há outros em que nem me sinto,
mas sento-me com conversas banais:
a pior fome d’um ser faminto
Nos lugares onde me sinto a mais
sento-me no momento e desassocio
ignoro o meu instinto, mas jamais
renuncio as cores da tela que pinto
E é nesses lugares que me ressinto,
por não me misturar com os demais
e por saber que nunca seremos iguais,
o meu cérebro vira o próprio labirinto
É quando me distancio dos normais,
que me apercebo que lhes minto
e é quando me centro nos meus ideais
que me sento no centro do labirinto
Há lugares onde os seres carnais
se mascaram do que é deles esperado
e há outros onde, como animais,
saciam o desejo jamais ponderado
O meu lugar fica algures no meio
onde não me sinto a mais, nem creio
que n’algum meio possa ser “demais”
sentar-me com o meu desvaneio.