Diante da Botina Preta.
Caiu-se petrificado diante da botina de seu oponente. Um único disparo no peito.
Páaaaaa!
Ouviram-se gritos diante daquele corpo quente feito carne saída ao forno.
É Marcelo?
Não, muito magro e preto para ser Marcelo. Nem o consideram como negro.
Nenhum grito se passou diante daquela botina manchada de sangue.
Ele respondeu ao superior.
Não era o que imaginei. Apenas um guarda chuvas.
Estavas no lugar errado. Quem mandou sair de casa? Respondeu seu parceiro de botina.
O corpo, não mais quente, adormece em meio aos transeuntes.
José? Não podes ser, responde dona Maria.
Os olhos esbugalhados, como se quisesse dizer algo para aquela comum, exprime seu último tom de lágrima.
Dizem que foi pingos de chuvas sobre a face.
A botina entre becos adentro e retorna com os corpos desejados.
José, continua com seus olhares esbugalhados, imóvel diante dos que lamentam a partida do poeta local.
Só sabias escrever, morrerás diante de uma bota que tanto viu passar com corpos manchados de sangue e suor negro.
Ergueram-se o corpo e caminharam até a estrada como pedido de socorro. Então, jogaram-o em uma carroça, mas, já era tarde demais.
O corpo esfriou-se diante da botina de seu oponente. Descobriram que ele era só um poeta, mas, era negro diante da bonita transeunte.