ANONIMATO
Olhos na nuca
Da cabeça que tem
Os olhos na nuca
Da cabeça que tem
Uma filha de olhos
Na nuca da frente
Calados! Ao lado
O silêncio dos olhos
Cansado, distante...
Perdido em divagações...
Interrogações?
Pouca reflexão!
Nenhuma euforia
Nenhuma alegria
Nenhuma excitação
Apenas cansaço
Nos olhos, no rosto, no corpo
Da vida......
Na curva, inclinação
No ouvido, um palavrão
No lado, silêncio...
Superlotação, sobretaxação
Falta troco
Falta salário
Falta vida....
E o rosário do que falta
Cresce, na volta pra casa...
Sonhando encontrar
Não só uma casa
Mas, talvez,... um lar!
Pra compartilhar
As desilusões....
E o filho com fome
E os anos de rotina
E o anonimato de ter
Os olhos na nuca
Da cabeça da frente
(Na lotação, medo do arrastão, de quem lhe passa a mão...
Até parecem gente!)