Amor e liberdade
Em meio à dialética social da vida íntima
Quisera o amor poder gritar em liberdade
Mas sua voz, em breve falsete, quase ínfima
Desafia a ordem “jusfamiliar” da sociedade.
Dois corações que se escolhem mutuamente
Batem uníssonos em seus corpos individuais
São espíritos livres que se querem igualmente
E compartilham o amor em prazeres especiais
Mas em sendo livres cada um é cada um...
Os seus corpos são só seus, de ninguém mais
Dentre todos os espólios da vida em comum
O corpo se isenta dos tais débitos conjugais
Casamento não é Contrato Compra e Venda
E a Certidão não tem o valor duma Escritura
União Estável não pressupõe a escravatura
Amor e prazer são sentimentos em oferenda.
Se a justiça atual também entende e reconhece
Que o corpo é um bem cuja posse é privativa
Por que muita gente esse direito desconhece
E vive sujeita ao jugo como mera alma cativa?
Que o conhecimento se espalhe em toda parte
Liberte o corpo e do pensamento esse clamor
Encontre eco para além do tempo e desta arte
E assim, mais nada roube a eloquência do amor.
Adriribeiro/@adri.poesias