NO PONTO DE ÔNIBUS

-“Eu bebo porque gosto. Nada a ver com o diabo”

-“Tu gostas, mas o diabo te ajuda

Se levantasses as mãos para o céu, o rabo

Do cão se encolheria, e a maldade ficaria muda!”

-“E bebo, eu fumo, roubo. Faço minha vontade

Ninguém se intrometa. Eu sou meu deus!”

-“Tu não dás valor à prometida verdade!”

-“Os meus sonhos, eu faço. São só meus!”

E assim a senhora e o bêbado discutiram

Filosofia, teologia no ponto do ônibus

Eles nunca, na Terra, se entenderiam

Quanto mais sangravam suas almas, mais pus

Ela queria mostrar que a maldade não era ele

Ele, sem fé em punição: seu mundo era só ele

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 19/03/2021
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