NO PONTO DE ÔNIBUS
-“Eu bebo porque gosto. Nada a ver com o diabo”
-“Tu gostas, mas o diabo te ajuda
Se levantasses as mãos para o céu, o rabo
Do cão se encolheria, e a maldade ficaria muda!”
-“E bebo, eu fumo, roubo. Faço minha vontade
Ninguém se intrometa. Eu sou meu deus!”
-“Tu não dás valor à prometida verdade!”
-“Os meus sonhos, eu faço. São só meus!”
E assim a senhora e o bêbado discutiram
Filosofia, teologia no ponto do ônibus
Eles nunca, na Terra, se entenderiam
Quanto mais sangravam suas almas, mais pus
Ela queria mostrar que a maldade não era ele
Ele, sem fé em punição: seu mundo era só ele