Urbanização
Bolhas de chuva
No esgoto a céu aberto
Futuro incerto
Nessa selva de concreto
Sinal vermelho
Olhar sempre atento
No tranco violento
Do caos, engarrafamento
Árvores secas
Poluição, neblina
Violência, adrenalina
Aroma de gasolina
Num viaduto
Ingratidão que some
Vendo família sem nome
Debaixo, passando fome
Sol ardente, meio-dia
Asfalto abrasador
Ondas de calor
Pulso desesperador
Vão-se uns, voltam outros
Mas o tempo nunca pára
Para cada ferida que sara
Cura simples, joia rara
Com descanso de Apolo
Caos se torna ser soturno
Condenado troca o turno
Vira réu do mal noturno
Sobra o esperar ao dia
Para repetir lição
Da experiência, execução
De ser urbanização.