O FIGURANTE INVISÍVEL

Se a visão ainda lhe fosse possível

Nem parentes ou amigos veria

Mas a pá que lhe veste o eterno

Sem alarde, mas com galhardia

Testemunha da emoção derradeira

De quem fica quando a luz se apaga

Personagem Indispensável à cena

Figurante de pá e enxada

Essa cena nos espera um dia

É um risco desde o início

Imagine quem se expõe todo dia

Aos perigos que oferece o ofício?

Vivemos hoje uma pandemia

Que demanda prudência e cuidados

Na adoção de medidas preventivas

No tratamento aos infectados

Eis que uma luz pisca no túnel

Com o advento do imunizante

Aos que estão na linha de frente

É justo passar adiante

Merecidos heróis de jalecos

Médicos, fisioterapeutas, enfermeiros

Mas esqueceram de quem fecha a cena

Este figurante invisível... O Coveiro