Poeta Presente

Nascido e criado

no meio do gueto,

prazer eu sou preto

que traz a história

na palma da mão.

Carrego nas veias

um sangue sofrido,

meu povo oprimido

luta sem parar.

Sou o negro açoitado

que ousou revidar.

Um poeta presente

lembrando das gentes

que o sistema seifou.

Sou Mariele, Dandara, Zumbi

e você não me cala doutor.

Fui massacrado, humilhado

e ninguém se importou.

Por que eu sou.

America linda,

menina, ameríndia

que ousou revidar.

O caboclo esquecido,

mas que o progresso lembrou.

Do sangue na escorrido terra

brotou minha dor.

Sou mestiço, mulato,

fruto da Índia

que o branco estuprou.

Todo dia sinto na pele

a raiva do opressor.

E o reparo histórico do estado

se dá a partir do seu braço armado,

entrando em nossos espaços

matando quem ainda restou.

Já se passou tanto tempo

desde mil e quinhentos

e pouca coisa mudou.

Eliezer Antunes de Oliveira e Paulo Roberto Fortes
Enviado por Eliezer Antunes de Oliveira em 19/09/2020
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