Poeta Presente
Nascido e criado
no meio do gueto,
prazer eu sou preto
que traz a história
na palma da mão.
Carrego nas veias
um sangue sofrido,
meu povo oprimido
luta sem parar.
Sou o negro açoitado
que ousou revidar.
Um poeta presente
lembrando das gentes
que o sistema seifou.
Sou Mariele, Dandara, Zumbi
e você não me cala doutor.
Fui massacrado, humilhado
e ninguém se importou.
Por que eu sou.
America linda,
menina, ameríndia
que ousou revidar.
O caboclo esquecido,
mas que o progresso lembrou.
Do sangue na escorrido terra
brotou minha dor.
Sou mestiço, mulato,
fruto da Índia
que o branco estuprou.
Todo dia sinto na pele
a raiva do opressor.
E o reparo histórico do estado
se dá a partir do seu braço armado,
entrando em nossos espaços
matando quem ainda restou.
Já se passou tanto tempo
desde mil e quinhentos
e pouca coisa mudou.