O Vírus da Ignorância
Corto minha asa
quando a vontade pelo proveito
depende da formação de detentos
de inocentes
não culpados
na maca
por acaso
Corto minha asa
procurei remédio
e achei casa
Corto minha asa
na consciência mais límpida
de que a liberdade
não assim se sustenta
quando capaz de destinar
almas já lentas
à inexistência
Corto minha asa
mas estabilizo sedentárias indignações
numa condição de angústia e dúvida
fujo involuntariamente
de compreensões
Corto minha asa
e ouço sons ilusórios
antes, heroicos
propagarem a antecipação
de um normal
sem permissão
Corto minha asa
e não pode ser loucura
da perfeição moral
tratando-se de mentes apagadas
por uma doença
viral
Corto minha asa
pondero a lágrima
mas de que adianta
enxergar importância
enfrentando o mar
da ignorância.