O Vírus da Ignorância

Corto minha asa

quando a vontade pelo proveito

depende da formação de detentos

de inocentes

não culpados

na maca

por acaso

Corto minha asa

procurei remédio

e achei casa

Corto minha asa

na consciência mais límpida

de que a liberdade

não assim se sustenta

quando capaz de destinar

almas já lentas

à inexistência

Corto minha asa

mas estabilizo sedentárias indignações

numa condição de angústia e dúvida

fujo involuntariamente

de compreensões

Corto minha asa

e ouço sons ilusórios

antes, heroicos

propagarem a antecipação

de um normal

sem permissão

Corto minha asa

e não pode ser loucura

da perfeição moral

tratando-se de mentes apagadas

por uma doença

viral

Corto minha asa

pondero a lágrima

mas de que adianta

enxergar importância

enfrentando o mar

da ignorância.

Marina Piva
Enviado por Marina Piva em 23/08/2020
Reeditado em 24/08/2020
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